Albercir Brito da Silva, morador na comunidade Periquito no Riozinho da Liberdade, onde nasceu há 29 anos. Filho de Seringueiro, também herdou a profissão do pai. Quando pré-adolescente aos 12 anos de idade foi morar no município de Cruzeiro do Sul, e com muito esforçou concluiu o ensino Fundamental.
Sem alternativas de emprego na cidade, voltou para a comunidade do (Liberdade) de antes e passou a cortar seringa (extração do látex),exercendo esta profissão até 1992.
Com a decadência da borracha nos anos 90 Albercir Passou a viver da agricultura de subsistência, foi então que surgiu a oportunidade de trabalhar na educação como professor leigo. Após participar de vários cursos de formação na área da educação, ingressou na Universidade, no Curso de licenciatura em Matemática pela UFAC, concluindo em 2010.
Após vários anos como professor, agora é diretor da escola de Ensino Fundamental Joaquim Nogueira da comunidade do Periquito do riozinho do Liberdade comunidade que cresceu e criou-se
Albercir tem outros objetivos a ser realizados, está escrevendo um livro na área da Cultura, abordando os costumes da vida dos seringueiros, que contem varias poesias entre elas uma chamada “O SERINGUEIRO”.
O SERINGUEIRO
O seringueiro era destemido O cidadão já dizia
De uma coragem estupenda Essa vem pro sacutelo
ia pra mata de madrugada Chegando em casa a noitinha
Sem temer qualquer contenda Eu bebo um caldo amarelo
Pra cortar suas seringas Depois me arrumo pra amanhã
E construir a sua renda. Encarar mais um duelo.
Encarava os obstáculos No dia seguinte levantava
Da escuridão na floresta Passando a mão sobre a vista
Com a espingarda no ombro Observando a atmosfera
Dizendo o que me resta Como um meteorologista
É pedir a Deus que não chova Quando não ia chover
Na quinzena eu faço a festa. Ficava muito otimista.
Fosse na várzea ou terra firme Porem quebrava o jejum
Enxuto ou no lamaçal E pegava a boca da estrada
Subia na seringa pelo burro Ouvia o esturro do jacamim
Usando degrau por degrau E o canto da passarada
Ficava feliz quando via O ronco do capelão
Nambu no galho do pau. No final da madrugada.
No amanhecer do dia O seringueiro envergonhado
Se alegrava a passarada Vendo a insatisfação
Cantava o japó de um lado Estampada claramente
Do outro guariba roncava No rosto do seu patrão
A saracura cantava o coco Com isso às vezes faltava
E jacu riscava a asa. Desde o sal a munição.
Seringueiro cortava e colhia Mas era um trabalho sujeito
E sua borracha defumava Não tinha o que discutir
Quando chegava a quinzena Pois não tinha alternativa
O quinzeneiro pesava Ou caminhos pra sair
Ele ia ao barracão Fosse doente ou com saúde
Para ver o que comprava. Era obrigado a produzir.
Chegando no barracão Com isso o seringueiro
O seu patrão indagava Ficava sem remissão
E se a quinzena fosse boa Os filhos passando fome
De tudo ele comprava A mulher com reclamação
Porém se fosse ruim Para ele o único jeito
Pra casa nada levava. Era aumentar a produção.
Se a borracha fosse pouca Já o chamado bom freguês
O patrão por sua vez Produzia muita borracha
Ficava de cara fechada Comprava tudo que queria
Quando olhava pro freguês Às vezes muita cachaça
Se falava era arrogante Sem pensar na produção
Pra aumentar a timidez. Nem no mau cheiro da fumaça.
Do trabalho da seringa Aos homens da floreta
Ainda existe saudade Aos seringueiros ou não
Apesar de muito árduo Que desempenharam papel
Alguns ver facilidade Na melhoria da nação
Ou talvez não valorize Quero aqui me desculpar
Sua real liberdade. Se faltou algo a relatar
Ou falei sem precisão.
Na floresta quero viver
Da seringa quero distância Não quis aqui ofender
Pegando passado e presente Aos nobres companheiros
E botando na balança E só resgatar a cultura
Veremos que o atual Desses heróis brasileiros
Nos da liberdade total Eu me incluo na história
Pra enchermos de esperança. Com tristeza ou com glória
Pois também fui seringueiro.
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